O verão de 2018 está com um clima mais de outono do que o que seria esperado para esta época do ano. Frio de manhã, calor à tarde, chuva à noite, e madrugadas com um cobertor na cama. Não é algo anormal, segundo o meteorologista Cezar Duquio, do Sistema Meteorológico do Paraná. Mas também não é algo comum. “A quantidade de chuvas está dentro do esperado, mas de maneira irregular e mal distribuída”, comentou.
Com tantas oscilações bruscas na temperatura, os consultórios médicos estão com uma procura maior do que o normal de pessoas com gripes e resfriados. O publicitário Gabriel Morente, por exemplo, brincou dizendo que já nasceu com a rinite atacada. “Chega a atrapalhar no trabalho, a garganta coça, a minha imunidade despenca e eu não consigo parar de espirrar”, conta. Ele está até mesmo planejando uma cirurgia de desvio de septo para ver se resolve o problema.
Gabriel está morando em Curitiba há dois anos, e diz que desde que se mudou para cá sentiu que a rinite dele piorou. “O tempo aqui uma hora está muito seco, outra hora muito úmido… A alergia é tão forte que chega a dar dor de cabeça, dor no corpo. Aí eu tomo remédio e passo o resto do dia devagar”, explica. Ele conta que já fez até tratamento para rinite, mas que não adiantou.
O publicitário não é o único a ter problemas com a gangorra climática de Curitiba. A empresária Marcia Oliveira conta que está sofrendo muito com a alergia provocada por ácaros, e que precisa recorrer sempre a remédios antialérgicos. “Senão, a rinite evolui para uma sinusite, ataca tudo, e essa instabilidade toda deixa a minha alergia a mil”, conta.
A rinite é uma das doenças que mais fazem lotar os consultórios médicos da cidade, e que acaba exacerbada por conta da variação da temperatura. Segundo a pneumologista do Hospital IPO, Josiane Marchioro, as pessoas que sofrem da doença são mais sensíveis ao sobe e desce dos termômetros, e com sintomas que persistem por vários dias. “A rinite acaba provocando coceira no nariz, muitos espirros sem parar, coriza, tosse crônica, e que só se resolvem com o tratamento continuado, dependendo da gravidade da doença”, explica.
A sinfonia das “ites”
Além da rinite, quem sofre de outras doenças respiratórias crônicas também tem os sintomas agravados nesta época. Entre elas estão a asma, a bronquite e a sinusite. E quando isso acontece, muita gente acaba correndo para as farmácias em busca de vitaminas. No entanto, a pneumologista Josiane Marchioro diz que isso é um gasto de dinheiro a toa se a pessoa não precisa de reposição. “As vitaminas que o nosso corpo precisa podem ser conseguidas com uma boa alimentação. Exceto para quem possui uma imunidade comprometida, como bebês, crianças, idosos e gestantes”, explica. Ela sugere a ingestão de sucos de frutas, legumes, carnes, entre outros alimentos.
A única vitamina que talvez precise ser reposta é a do complexo D, que é sintetizada pelo próprio corpo a partir da luz do sol. Como Curitiba tem poucos dias de sol, a deficiência de vitamina D por aqui é endêmica, segundo Josiane Marchioro. “Mas isso não significa que as pessoas possam sair por aí comprando tubos de vitamina D. É preciso diagnosticar antes se elas precisam ou não fazer uma reposição. Isso é feito por meio de um exame de sangue e somente com a orientação de um médico”, explica.
Para não passar os dias de verão com disposição de inverno, a médica recomenda que quem sofre de doenças respiratórias crônicas evite exposições extremas, como ir do de ambientes climatizados com ar condicionado para o exterior de temperaturas elevadas. “Como não dá para controlar a temperatura externa, o jeito é tentar minimizar seus problemas”, conta. Ela explica, ainda, que se deve evitar entrar em ambientes empoeirados demais, inalar perfumes e cheiros fortes, ter contato com produtos químicos e fumaça de cigarro. São pequenos detalhes que, muitas vezes, passam despercebidos, mas que só são notados quando bate aquela coceirinha no nariz.